Origem


Sobrenome Bernardes 



Bernardes é um sobrenome de origem portuguesa, considerado como sendo o patronímico de Bernardo, ou seja, significa "filho de Bernardo". Por este motivo existem diversas famílias usando este mesmo sobrenome sem que haja laços de consanguinidade entre elas.
Bernardo é um nome de origem germânica, que no alemão arcaico significa “forte como um urso”, pela junção dos elementos ber que quer dizer “urso” e hart, que significa “forte”. Passou a ser adotado pelos judeus para substituir o nome Baruch, por começar com a mesma letra. A forma Bernard, foi introduzida na Inglaterra durante a conquista normanda. O nome se popularizou devido a São Bernardo, que viveu nos séculos XI e XII. Sendo encontrado em Portugal, por volta do século XVII, através do diminutivo Bernardino, sob a forma Bernardim e após, como Bernardo.
Há ainda variações deste sobrenome, Bernárdez, em espanhol, e Bernardi, em italiano, que apesar de semelhantes não tem relação, a não ser pelo seu significado.
Apesar desse patronímico ser pouco utilizado, em Portugal há algumas famílias Bernardes, dentre essas famílias, conhece-se uma delas que se fixou em Ponte de Lima e que veio a aliar-se matrimonialmente com inúmeras famílias da melhor nobreza minhota. Para esta família foi concedido o brasão dos Bernardes.
Em Guimarães, também houve uma importante família "Ribeiro Bernardes", entre os séculos XVII e XIX, cujos ramos se ilustraram na governança da cidade, na vida social e cultural. Dessa família procedeu a varonia da Casa de Minotes, assim como também os Condes de Margaride, e o arqueólogo Francisco Martins Sarmento (1833-1899).
No Brasil, foram numerosas as famílias com este sobrenome que passaram, em inúmeras ocasiões, para diversas partes do país. Entretanto, por ser um patronímico, não se pode considerar que todos os Bernardes existentes no Brasil, mesmo que procedentes de Portugal, tenham parentesco.
Entre as famílias Bernardes mais antigas estabelecidas no Brasil, temos conhecimento de que no Rio de Janeiro, havia a de Artur Bernardes, nascido por volta de 1567, além de ao menos mais oito famílias entre os séculos XVI e XVII, que deixaram numerosa descendência. No Rio Grande do Sul, entre outras, no início do século XIX havia a de Francisco Joaquim Bernardes, que teve numerosa descendência. Em Minas Gerais, entre diversas, registra-se a importante família de Antonio da Silva Bernardes, pai do ex-presidente Artur da Silva Bernardes. Há também o registro de escravos africanos e seus descendentes que passaram a usar o sobrenome.




Brasão da Família Bernardes


Nos tempos dos reis Dom Afonso V de Portugal e de seu filho Dom João II, já existia uma família nobre, antiga e de muitas posses, chamada Bernardes. Residiam em Ponte de Lima, onde existia a Quinta dos Bernardes, e por sua importância e nobreza dominavam grande parte da província portuguesa do Minho. 
Desta família descende muita nobreza minhota e um ramo de Bernardes, da vila portuguesa de Óbidos, assim como Heitor Bernardes Botado, militar português.
Heitor Bernardes Botado, era filho de Manuel Botado e de sua primeira mulher Maria Bernardes, e neto materno de Heitor Bernardes, dos Bernardes de Óbidos. Era uma "pessoa de muito valor e de grandes espíritos", segundo o genealogista Jacinto Leitão Manso de Lima.
Heitor foi nomeado pelo rei para embaixador na corte do Rei Dom Carlos I de Espanha e Imperador Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico, à quem foi servir. Para dar largas ao seu gênio guerreiro, incorporou-se as tropas do imperador o qual o nomeou General de Campo.
No Cerco de Tunes, o imperador lhe mandou romper os canos por onde passava a água para a cidade. Por isso e pelas inúmeras batalhas em que participou o Imperador lhe fez mercê de honrarias e glórias, concedendo-lhe o brasão de armas, lhe dando Armas Novas. Este brasão foi confirmado em terras portuguesas pelo rei Dom João III, em 1542. 
Uma outra versão afirma que atribuem-se estas armas aos Botados, dizendo haverem sido concedidas por Carlos V. Se é certa a concessão das armas, elas teriam sido dadas a Heitor Bernardes, que também viveu na Ameixoeira e foi bisavô de Maria Bernardes, mulher de Manuel Botado, pais do referido Heitor Bernardes Botado.
O imperador pode ter acrescentado as armas que lhe foram concedidas as de sua família, como afirmou Anselmo Braamcamp Freire, que, ao referir-se ás armas de Heitor Bernardes Botado, disse serem esquarteladas de Bernardes e de Botado. Dando-lhes as seguintes Armas: de azul, com três bicas de chafariz de prata, postas em faixa, dispostas em roquete e botando água, também de prata; timbre: desconhecido. Assim são descritas as Armas dos Botado.
Já o investigador Rogério de Figueiroa Rego, seguindo uma informação de Jorge Alberto Hofacker de Moser, insere em seu estudo a transcrição do registo da Concessão do Rei-Imperador, da qual se desconhece confirmação portuguesa. Neste registo acha-se: esquartelado, o 1.º e o 4.º de Bernardes, de ouro com duas águias afrontadas de negro, o 2.º e o 3.º de Botado, em campo azul, com um aqueduto de três ordens de prata; e em seu timbre, águia nascente de negro, gotada de ouro.


Brasão dos Bernardes Botado, no Sepulcro de Heitor Bernardes Botado, fal. 1578. Turcifal, Igreja Matriz. (in Rogério de Figeiroa Rego, Um Herói Português na empresa de Tunis, Lisboa, Edit. Império, 1943)


De volta a Portugal, Heitor casou com Aldonça Gorjão, da qual deixou descendência, a Família Gorjão Henriques da Cunha Coimbra Botado e Serra. Heitor foi Moço da Câmara do Infante D. Luís de Portugal, Duque de Beja, acrescentado a Escudeiro Fidalgo e a Cavaleiro Fidalgo. Teve o foro de Cavaleiro da Casa de D. João III de Portugal e o de Cavaleiro de Esporas Douradas concedidas por D. Carlos I. Encontra-se sepultado na Igreja do Turcifal, em sepultura com o Brasão de Armas concedido pelo Rei-Imperador, e na qual se diz ter falecido a 22 de novembro de 1578.
Conforme a versão mais aceita, com cor de ouro, o brasão oficial da família Bernardes possui duas águias batalhantes em preto e em seu timbre uma águia negra nascente gotada de ouro. Uma versão mais completa consta ainda com um elmo prata, aberto, enfeitado de ouro e paquife e virol nas cores ouro e preto.

Brasão da Família Bernardes

O brasão de armas, na tradição europeia medieval, é um desenho especificamente criado para identificar indivíduos, famílias, clãs, corporações, cidades, regiões e nações, obedecendo às leis da heráldica.
Os brasões não eram fornecidos ao acaso para as pessoas. Tendo origem em atos de coragem e bravura efetuados por grandes cavaleiros numa maneira de os homenagear e às suas famílias. Com o passar do tempo, como era um ícone de status, passou a ser conferido à famílias nobres no intuito de identificar o grau social delas, assim, somente os heróis ou a nobreza possuíam tal ícone e o poderiam transmitir a seus descendentes.
Sendo assim, apesar da família Bernardes ter um brasão de armas, teoricamente, este não nos pertence, pois não descendemos do indivíduo que o recebeu.



Os Bernardes de São João do Itaperiú


Os Bernardes de São João do Itaperiú descendem dos imigrantes açorianos que vieram para o Brasil entre 1748 e 1756, instalando-se em Desterro, atual Florianópolis.
Nesses anos em torno de seis mil açorianos e madeirenses foram enviados à Santa Catarina para que ocupassem e protegessem o Sul do Brasil de eventuais ataques espanhóis, além de também dar uma solução à massa de miseráveis que não possuíam mais terras para produzir e se sustentar em sua colônia antiga, que sofria pela superpopulação e por terremotos. 
Esses imigrantes receberam doações de lotes de terras, tanto na ilha de Santa Catarina, quanto no continente próximo, além de outros benefícios.
Jeremias José Bernardes, assim como sua esposa, Rosa Lucinda da Conceição descendem desses imigrantes.
Dentre os casais de açorianos que chegaram a Desterro estavam Matheus Vaz da Rocha e Rosa do Sacramento Jaques. Matheus era filho de Manoel de Avila da Rocha e de Izabel de Jesus Martins, naturais da Freguesia de Santa Beatriz das Quatro Ribeiras, da Ilha Terceira, nos Açores e nasceu no dia 27 de março de 1730, na Freguesia de Santa Bárbara, na mesma Ilha. Matheus e Rosa se casaram em Santa Bárbara e imigraram para o Brasil antes de 1753, estabelecendo-se na Freguesia da Lagoa da Conceição. Matheus morreu no dia 10 de janeiro de 1803, em Desterro.
Em Desterro, dentre os muitos filhos do casal, nasceu o filho Francisco José Bernardo, em 1764. Francisco casou com Thereza de Jesus, por volta de 1785, na Lagoa da Conceição. Os filhos de Francisco passaram a receber o sobrenome Bernardes, o que prova a origem patronímica de nosso sobrenome. Após 1806, a família de Francisco se muda para Itajaí.
Um de seus filhos, José Francisco Bernardes nasceu no dia 30 de maio de 1786, na Lagoa da Conceição e quando já morava em Itajaí se casou com Rosa Leonarda Borges, filha de José Ignácio Borges e Leonarda Ignácia da Trindade. O casal morou em Camboriú, onde também viveu um de seus filhos, Jeremias José Bernardes, que mais tarde se casou com Rosa Lucinda da Conceição, filha de Vicente Coelho da Rocha e Lucinda Rosa, sua prima materna, e após terem seus filhos em Camboriú, se mudaram para Itaperiú, por volta de 1885, dando origem a grande família Bernardes de São João do Itaperiú.



Fontes:
BARATA, Carlos Eduardo de Almeida; BUENO, Antonio Henrique da Cunha. Dicionário das famílias brasileiras. São Paulo: Iberoamerica, 1999.


Pesquisa, elaboração e organização: Elis de Sisti Bernardes