História

Família Bernardes



Jeremias José Bernardes e Rosa Lucinda da Conceição


Jeremias José Bernardes era filho de José Francisco Bernardes, natural da Lagoa da Conceição, em Desterro, atual Florianópolis e de Rosa Leonarda Borges, natural de Itapocoroy, atualmente Penha.
Seus avós paternos eram Francisco José Bernardes e Thereza de Jesus, também naturais da Lagoa, ambos descendentes de açorianos vindos das Quatro Ribeiras, da Ilha Terceira, nos Açores, que se estabeleceram em Desterro entre 1748 e 1756. A família de Francisco se mudou de Desterro para a região de Itajaí e Camboriú.
Seus avós maternos eram José Ignacio Borges, natural da Ribeira Grande, Ilha de São Miguel, nos Açores e de Leonarda Ignácia da Trindade, natural da Freguesia de São Miguel, atual Biguaçu. Com a invasão espanhola na Ilha de Desterro, José se mudou para Itapocoroy, onde sua família residiu. José foi feitor da Armação da Baleeira de Itapocoroy, encarregado dos escravos, era uma pessoa de destaque na comunidade e foi o primeiro proprietário de sesmaria em Camboriú.
Jeremias nasceu no dia 04 de dezembro de 1830, em Camboriú, sendo batizado no dia 12 do mesmo mês, na Capela do Santíssimo Sacramento, em Itajaí. Seus padrinhos foram Manoel Fernandes de Castro e Delfina Pereira. Em Camboriú, Jeremias foi alfabetizado, aprendendo a ler e escrever.
Rosa Maria Lucinda da Conceição era filha de Vicente Coelho da Rocha e de Lucinda Rosa da Conceição Borges. Vicente e Lucinda residiam em Itapocoroy (Penha) e se casaram em Itajaí, no dia 24 de outubro de 1839, na Capela do Santíssimo Sacramento, em Itajaí, com o vigário Francisco Rodrigues.
Os avós paternos de Rosa eram Aurélio José Coelho da Rocha e Matildes Francisca Rosa, moradores em Camboriú e os avós maternos, José Ignácio Borges e Rosa Maria de Santa Anna. O avô materno de Rosa era filho de José Ignácio Borges e Leonarda Ignácia da Trindade, os avós maternos de Jeremias e sua avó materna era tia paterna de Jeremias.
Rosa Maria, como foi batizada, recebendo o nome da avó materna, nasceu no dia 11 de abril de 1842 e foi batizada no dia 15 de maio, em Itajaí, pelo vigário João Baptista Ramoino. Os padrinhos foram seus avós maternos. Rosa era chamada de Rosa Lucinda da Conceição, nomes herdados de sua mãe, mas não aprendeu a ler nem escrever seu nome.
Jeremias e Rosa moravam em Camboriú, onde se casaram e tiveram seus filhos: Maria (1862), Lucinda (1864), Bernardina (1865), Timotheo (1867), Clarinda (1869) que faleceu ainda criança, Onofre (1870), José (1872), outra filha chamada Clarinda (1874) que também faleceu ainda criança, Felesmina (1876), uma menina falecida recém-nascida também registrada com o nome de Maria (1877), Floripe (1878), Albertina (1880), Adalgiza (1882), Urgel (1883) e o caçula Jeremias (1885). Os filhos receberam dois nomes, as filhas levaram como segundo nome o da mãe, Rosa, e os filhos a maioria o segundo nome do pai, José, exceto o filho José, que recebeu como segundo nome o primeiro do pai, Jeremias. No total, doze chegaram a vida adulta, seis homens e seis mulheres.
Jeremias era lavrador e foi nomeado duas vezes subdelegado da Freguesia de Camboriú, tinha uma personalidade de liderança, era envolvido na política e foi até preso por defender seus ideais.
No ano de 1880 casam-se as duas filhas mais velha do casal. No dia 13 de setembro, Lucinda Rosa Bernardes casou com José Francisco Garcia, na Matriz de Camboriú. Com a união Lucinda passa a morar com o marido em Camboriú, na Villa dos Garcia. No mês seguinte, no dia 02 de outubro, Maria Rosa Bernardes casou com Feliciano José Coelho, na Matriz de Itajaí. A família de Feliciano morava no Itapocú, na Freguesia de Barra Velha e a primogênita Maria se muda com o marido para o Itaperiú, que também pertencia à Freguesia de Barra Velha.
Jeremias passa então a frequentar o Itaperiú e decide adquirir terras devolutas na região. Em 1882 pediu ao Estado para comprar terras no braço do rio Itaperiú, mas não obteve sucesso pois a terra pleiteada já tinha dono. Jeremias tenta novamente adquirir um outro pedaço de terra em 1885. Após adquirir o terreno no Itaperiú, localizado na região depois denominada Mantiqueira, Jeremias veio com seus escravos, prepararam o terreno, construíram uma casa e uma serraria tocada a água e fizeram pastagens e plantações de milho, feijão, mandioca, cana, entre outros. Com tudo pronto voltou à Camboriú para buscar sua família.
Em 1888, Jeremias, sua esposa Rosa, seus nove filhos solteiros, sua outra filha já casada, Bernardina, com seu esposo José Vicente Coelho e os escravos de Jeremias se mudaram para o Itaperiú. A família vinha em uma comitiva com suas carroças e sua mudança quando ocorreu a libertação dos escravos. Ao passarem por Itajaí ficaram sabendo que os escravos estavam libertos. Jeremias comunicou aos escravos que os que quisessem permanecer, poderiam continuar trabalhando com ele. Três dos escravos optaram por seguir viagem e continuar com a família, os outros foram embora. Gregória, Domingas e Miguel Roque, três irmãos, para não se arriscarem em um futuro incerto, preferiram permanecer com a família.
Anos mais tarde a única filha que havia ficado em Camboriú, Lucinda e seu marido José Francisco Garcia também se mudaram para o Itaperiú com os filhos do casal.
No Itaperiú todos os outros filhos de Jeremias e Rosa se casaram e viveram com suas famílias.
Jeremias foi Juiz de Paz do Distrito de Barra Velha, cargo ocupado de 1896 até sua morte. O cargo, apesar de eletivo, manteve representantes de sua família até os dias atuais. Jeremias foi sucedido por seu genro Pedro Francisco de Borba Coelho, seu neto Balicio Bernardes também ocupou o posto, e atualmente, há mais de vinte anos, seu bisneto Osni Bernardes exerce a função. 
Jeremias José Bernardes morreu após adoecer em 1901, com então 70 anos de idade e foi enterrado no Cemitério do Itapocú.
No dia 22/12/1911, Rosa Lucinda da Conceição e seu filho Onofre José Bernardes receberam do Estado de Santa Catarina a concessão de 3.960,000m² de terras cada, localizadas no Braço do Itaperiú.
Rosa Lucinda da Conceição permaneceu morando na propriedade da família na Mantiqueira, sempre na companhia dos filhos e netos e faleceu no dia 06 de agosto de 1931, as duas horas, no Itaperiú, de morte natural e foi sepultada no antigo cemitério da Capela São João Batista, que se localizava ao lado da igreja, com a transferência do cemitério para o local atual seus restos mortais foram transladados e se encontram junto ao filho Onofre.



Filhos do casal


         Jeremias e Rosa tiveram quinze filhos:
- Maria Rosa Bernardes (*11/07/1862)
- Bernardina Rosa Bernardes (*20/07/1865)
- Timotheo José Bernardes (*20/08/1867)
- Clarinda Rosa Bernardes (*12/03/1869)
- Onofre José Bernardes (*22/10/1870)
- José Jeremias Bernardes (*29/08/1872)
- Clarinda Rosa Bernardes² (*22/06/1874)
- Felesmina Rosa Bernardes (*31/01/1876)
- Maria Bernardes (*26/06/1877 +)
- Floripe José Bernardes (*16/09/1878)
- Albertina Rosa Bernardes (*~02/1880)
- Adalgiza Rosa Bernardes (*04/02/1882)
- Urgel José Bernardes (*~1883)
- Jeremias José Bernardes (*05/08/1885)
Doze deles viveram até a fase adulta e três faleceram ainda criança:
- Clarinda Rosa Bernardes (+02/09/1873, Camboriú, com 4 anos e 5 meses)
- Clarinda Rosa Bernardes² (+17/07/1876, Camboriú, afogada, com 2 anos)
- Maria Bernardes (+26/06/1877, Camboriú, Recém-nascida)





Referências:

- APESC. Índice geográfico dos processos de terras da secretaria da agricultura e do abastecimento - Coordenação de Legitimação e Cadastramento de Terras Devolutas - COLECATE. Florianópolis, mar. 2010.
- Livros de Registros Civis.
- Livros de Registros da Igreja Católica.
- Relatos de Mario Bernardes, Guedes Jeremias Bernardes, Herondina da Graça Bernardes, Alzerino Bernardes, Nerilda Maria Bernardes.

Pesquisa, elaboração e organização: Elis de Sisti Bernardes



Mais:

- A povoação de Camboriú