Balicio Bernardes


Por Elis de Sisti Bernardes

Balicio Bernardes

Balicio Bernardes nasceu no dia 15 de abril de 1907, na localidade do Itaperiú, hoje município de São João do Itaperiú, na ocasião a localidade pertencia ao município do Paraty, hoje denominado Araquari. 

Filho de Timotheo José Bernardes e Maria Célia da Glória, era o primogênito de uma família de dez irmãos. Seus avós paternos, Jeremias José Bernardes e Rosa Lucinda da Conceição, descendentes de açorianos que imigraram para Desterro entre 1748 e 1756, mudaram-se de Camboriú para o Itaperiú em 1888, estabelecendo-se na localidade depois denominada Mantiqueira. Já os avós maternos, João José Zeferino de Azevedo, natural de São Francisco do Sul e Maria José da Conceição, da família Borba Coelho, natural de Camboriú, moravam no 22, também pertencente ao Itaperiú.

Sua mãe Maria Célia da Glória, sua irmã Anizia, Balicio e seu pai Timotheo, por volta de 1910.

Viveu sua infância no Itaperiú, onde cursou as séries primárias, aprendendo a ler e escrever. Trabalhou desde cedo, ajudando os pais na lavoura.

Casou aos 24 anos com Ernesta de Borba Moraes, filha de João José de Moraes e Maria Christiana de Borba, moradores no Itinga, em 29 de agosto de 1931. Com quem teve os filhos: João Balicio Bernardes, Mario, Arídia, Lauro Ascenção, Alzerino, Maria, Maria Angelina, Adelaide, Irene, Rosa, Marino, Osmarino e Adair Moraes Bernardes. Dos treze filhos, dois morreram ainda criança, Lauro com apenas dez meses e Marino aos doze anos.

Balicio foi lavrador, trabalhando na roça com sua família. Teve um engenho em sua propriedade e produziu muita cachaça em seu alambique. Trabalhou como zelador de estradas, na Prefeitura Municipal de Araquari, entre 16 de março de 1948 a 31 de julho de 1951. Quando então decidiu trabalhar no Alto Paraná, no Estado do Paraná, na Serraria Gobbi Zardo Cia Ltda. Ingressou na empresa no dia 18 de setembro de 1951, como ajudante. O Alto Paraná estava no auge de sua colonização, a demanda de madeira beneficiada era muito grande, pois centenas de casas eram erguidas a todo instante. Porém, Balicio foi acometido de uma forte conjuntivite, trabalhando apenas até o dia 13 do mês seguinte, quando então voltou para casa. 

No dia 1º de junho de 1953 começou a trabalhar no Posto de Defesa Sanitária Vegetal do Ministério da Agricultura, localizado na cidade de São Francisco do Sul, distribuindo fungicida e herbicida à população do distrito de Barra Velha, exercendo seu cargo até o dia 31 de dezembro de 1955. Entre 1º de junho de 1962 e 31 de dezembro de 1966 trabalhou na Prefeitura Municipal de Barra Velha. 

Com a emancipação definitiva do município de Barra Velha, em 07 de dezembro de 1961, criado pela Lei n°.778, em 07 de outubro de 1962 foi realizada a primeira eleição para a escolha do prefeito e vereadores do novo município. Balicio Bernardes foi eleito vereador pelo Partido Social Democrático, com 145 votos, exercendo o cargo de 31 de janeiro de 1963 a 31 de janeiro de 1967. Elegeram-se juntamente ao cargo de vereador, Thiago Aguiar, Arnoldo Hess, Antonio Simplicio Ramos, Germano Selke, Paulo Coelho e Sinval Moura e para prefeito Bernardo Aguiar, que administrou Barra Velha até 1968. Na ocasião, Balicio foi o quinto mais votado, sendo que o distrito de São João do Itaperiú lançou grande parte dos candidatos, elegendo quatro deles e o primo de Balicio, Guedes Bernardes também concorreu ao cargo de vereador pela oposição, a União Democrática Nacional, recebendo 140 votos.

Em frente a Prefeitura Municipal, os integrantes da primeira legislatura do Município de Barra Velha, o prefeito Bernardo Aguiar e os vereadores Sebastião Polesi, Tiago Aguiar, Antonio Simplicio Ramos, Paulo Coelho, Sinval Moura e Balicio Bernardes.

Exerceu o cargo de Inspetor de Quarteirão do distrito de São João do Itaperiú. Esse cargo era a primeira instância do policiamento, o que equivaleria hoje ao cargo de delegado. Era exercido por um morador do próprio lugar que recebia uma parcela considerável de poder para coibir a prática de atos delituosos, devendo zelar pelas propriedades e pelo sossego de todos que moravam. Tinham autoridade para efetuar prisões em flagrante, para advertir e, até mesmo, para obrigar pactos de boa convivência.

Foi nomeado por decreto do dia 26 de julho de 1966 para exercer o cargo de Juiz de Paz do distrito de São João do Itaperiú, município de Barra Velha, da comarca de São Francisco do Sul.

Com a instalação do Regime Militar e a extinção dos partidos imposta pelo Ato Institucional-2 e a instalação do bipartidarismo, foi um dos fundadores do Movimento Democrático Brasileiro em Barra Velha. Quando nas eleições do dia 30 de novembro de 1969, em sua segunda candidatura, elegeu-se por este partido, com 222 votos, quarto mais votado, como vereador do Município de Barra Velha, exercendo o cargo de 1970 a 1973. 

Balicio e a esposa Ernesta

No dia 15 de novembro de 1978, sua esposa Ernesta faleceu, aos 68 anos, vítima de um acidente vascular cerebral. Balicio então se muda para a cidade de Joinville e se casa com Otília Bettoni. Com a segunda esposa teve parceria na velhice, até ficar viúvo novamente. Viveu por mais alguns anos em Joinville na companhia de cuidadoras, até que com idade avançada passou a viver sob o cuidado dos filhos. 

Balicio faleceu no dia 03 setembro de 2002, aos 95 anos, em São João do Itaperiú, na residência de seu filho, Osmarino Bernardes. Foi sepultado no Cemitério Público de São João do Itaperiú. 

Leva seu nome a Travessa Vereador Balício Bernardes, localizada no Centro do município de Barra Velha, rua que dá acesso entre a Avenida Beira Mar e a rotatória da Avenida Santa Catarina. 


Referências 

Barra Velha. Lei Ordinária 1184/2012.
IBGE. Cidades: Alto Paraná.
PMDB. História.

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